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sábado, 14 de maio de 2011

Mar de ignorância

      Não é como se estivesse dentro do mar, é como se estivesse na beira da praia e de lá pudesse ver simplesmente qualquer movimentação. A forma como as ondas iam e voltavam e toda a beleza aparente do mar. Fato é que como muitas das outras coisas existentes, o mar também pode enganar. Não seria a primeira vez que alguém ficaria frustrado pela aparência enganosa de algo. O mar é feito de incontáveis gotas, não uma, não duas, incontáveis. A terrível descoberta foi ver que o belo mar era feito de pura ignorância. Não uma, não duas, mas incontáveis gotas de ignorância.
      E quem se importa? Quando se está na areia não se é afetado de forma alguma, mas e quando se está necessariamente preso à beira da praia? Não há como ser indiferente. A água sempre vem molhar os seus pés. A ignorância incomoda. Afeta. Enoja. Então, o mar de ignorância seria como um mar que já esteve saudável, porém por razões desconhecidas – provavelmente agentes externos – ficou completamente poluído e esse processo é quase irreversível. Quase. Há esperança, que bom que ela insiste em permanecer viva, o seu propósito é morrer por último mesmo. O trabalho seria árduo, entretanto há a possibilidade de despoluição.
      A entropia é a medida da desordem de um sistema e a mesma tende a crescer com o passar do tempo. Há duas formas de se chegar à ordem: um agente externo promove-a ou simplesmente o tempo passa indefinidamente até que a ordem seja restaurada. É uma pena que a última opção seja completamente desfavorável e altamente improvável.
      Portanto, se o mar foi poluído pela ação de forças externas, a despoluição só pode ocorrer da mesma forma. Então se espera que o bendito agente externo venha e restaure a limpeza ou torce-se para que a água não te atinja mais do que deveria. Ou torna-se o próprio agente externo e promove o infinitésimo de limpeza, ao menos terá feito algo. É só que ser ignorante não é opção.

Um comentário:

Causticidade Cotidiana disse...

Acho que, antes de qualquer coisa, quando se está acorrentando e esse mar de ignorância vem lhe banhar os pés, deve-se, antes de mais nada, não permitir que a ignorância lhe tome conta também. Isso acontecendo, então a tarefa de tornar puro o impuro tornara-se duplamente complicada.
Conseguindo evitar que essa impureza lhe afete, então trabalhemos para que possamos tornar puro aquilo que é ignorante.
Até porque, esperar que o tempo faça esse processo, pode ser que seja inútil, pode ser que seja deveras demorado, pode ser que sirva de anti-corpo à ignorância...enfim.
Um texto que deu margem à muitas conclusões, Marina!

Beijo!

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