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sábado, 31 de dezembro de 2011

Desenconto


            Vestida apenas com a pouca iluminação daquele quartinho imundo de um hotelzinho de quinta, lá estava debruçada sobre a cama como se fosse a caçula de Vênus e Baco. Enquanto ele, ele fazia de seu corpo a perfeita tela, desenhando um universo inteiro, de milhares de cores, de milhares de galáxias imóveis.
            E nada era mais excitante do que aquela mistura especial do cheiro do cigarro dele repousando sobre o cinzeiro, aquela bebida desconhecida a qual ele chamava de Cointreau e o cheiro dele, os três combinados apenas tinham cheiro de vontade. Ela apenas estava acostumada a receber dinheiro por sexo de qualquer tipo, mas nunca haviam pagado para “apenas pintar você”. Ela gostava. Sentia-se mais mulher, desejada de uma forma interessante e diferente.
            Ele apenas pintava órbitas desconhecidas, a última dança dos planetas no corpo de uma mulher sem nome, escolhida aleatoriamente, mas entendida especial. E a quantidade de sons vinda de fora e as luzes de fogos de artifício que se mostravam através do vidro da janela, anunciavam a chegada de um novo ano. Feliz ano novo, ela disse. Ele levanta a cabeça ao ouvir, volta a apenas pintar você.

Um comentário:

Causticidade Cotidiana disse...

Insisto em dizer que seus textos tem um ingrediente que os tornam extremamente envolventes, e esse ingrediente é o mistério das palavras, a complexidade com a qual você as descreve. Fazendo uma comparação, seus textos são iguais as musicas do Dream Theater, que unem técnica, virtuosismo e feeling rs
Acho que é sempre bom termos em nossa companhia, alguém que possa nos pintar e nos ver por fora, nos ver como realmente somos. Isso nos dá uma nova perspectiva sobre como estamos levando a vida, sobre quem somos e quem devemos ser.
Acredito que seja isso rs

E eu espero que meu navegador não dê mais aquela mensagem de "blog não encontrado" viu Marina?! rs
Beijos!

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