E
quando não se sente absolutamente nada? O não sentir ainda assim não é sentir? O
Ser Humano prefere sentir nada ao nada sentir. O sentir bem é efêmero. O sentir
mal ninguém quer. O sentir nada é a inércia. A inércia é falta. De tudo. Do que
se não sabe expressar.
O
transformar do pó em poeira. O vento sem eira nem beira. O agir irracional de
uma boca sem ação, e com razão. O copo de leite servido em pó. O galo que canta
corococó. O pinto que pia piripipi. O blá, blá, blá. A insanidade por trás de
tudo o que é são. O faça-se normal. O não mostre quem és. O afogue o dia. O sentido
42 da vida.
A
mente vazia. A oficina do diabo. O fácil falar em enfrentar seus demônios de
quem nunca esteve no inferno. O difícil abraço ao capeta de quem está no
inferno. O injusto juntar-se a eles quando não se pode mais. A única razão da
existência. A pergunta que se responde. O sentir nada é inércia. Ninguém gosta
de equilíbrio. Que ocorra qualquer coisa, mas que algo ocorra.
Para
o bem ou para o mal, a chance de que algo ocorra é sempre menor do que 1. Aí está
um alívio para os humanos.
Um comentário:
Assim como não pensar em nada já faz disso um pensamento, o sentir nada já é, ao menos, sentir. O nada, a inércia. Mas sente-se. Se não fosse verdade, talvez o diabo não exerceria suas atividades em cima disso, de uma mente inerciada.
Mas viver sob a condição de equilíbrio não me parece válido. Justo é viver no 8 ou 80, porque a vida já é injusta demais para que tenhamos que ficar em cima do muro.
E o último parágrafo deste texto simplesmente me deixou sem ter o que dizer...
É bom demais poder ler seus textos novamente, Marina! =)
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