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terça-feira, 17 de abril de 2012

Ensaios - 3


04 de fevereiro de 2012 – carpe diem 2

         A vida é extremamente frágil. Só que a vida é frágil de uma forma extremamente absurda. A vida é frágil em demasia. E por que isso seria absurdo de alguma forma?
         Dia a dia nos achamos cada vez mais fortes e mais inteligentes e mais autossuficientes (a grafia está correta!), quando nem todas as coisas estão submetidas à nossa capacidade de escolha. Quando tantas coisas são tão incertas, incertas como a possibilidade de você não respirar mais oxigênio de uma hora para outra. Respirar. Há algo mais simples do que isso? Algo tão simples e te dá a garantia de ter o seu coração bombeando sangue ao seu corpo. E, sim, isso é estritamente necessário.
         Eu aprendi algo hoje. Como serão todos os dias. A partir de ontem eu quero sempre saber o que eu aprendi no meu dia de hoje. Eu quero ter certeza de que aproveitei o dia, à minha maneira, claro. A vida é frágil demais para eu deixar de te agradecer todos os dias por existir; para eu deixar de simplesmente te agradecer por qualquer coisa que seja; para eu deixar de te pedir desculpas por ser tão estupidamente estúpida, certas vezes; para eu deixar de dizer que eu amo você demais, todos os dias, enquanto eu existir; para eu deixar de completar qualquer coisa que seja, como se eu tivesse todo o tempo do Mundo. Temos nosso próprio tempo, o Mundo é que tem muito tempo. Há controvérsias, claro.
         Sabe, meu bem, eu vi hoje no Facebook que um colega de algumas conhecidas faleceu. Você sabe que eu sou extremamente curiosa, não resisti e fui olhar o Face do garoto. Tão novo. Mas tão novo mesmo. Algo que surpreendeu a todos. Ao que parece, o laudo médico indicou que ele tinha diabetes e não tinha conhecimento disso, o corpo dele não aguentou e teve um infarto. Quem poderia imaginar, não é mesmo? Foi-se. De uma maneira completamente diferente da qual veio. Imagino que tenha sido tão esperado, tão cuidado por alguém que jamais tivera visto seu rosto e já o amava incondicionalmente. Foi-se e ninguém teve a chance de dizer tchau. Mas quem vai dizer tchau? Foi-se e ninguém teve a chance de pedir perdão (muitas pessoas estavam pedindo perdão na wall dele, pena ele jamais saber disso, pena o arrependimento só chegar após o irreversível). Mas quem vai pedir perdão? E quem vai dizer “eu te amo” de forma sincera?
         Tem uma música que eu adoro, amor, chama-se “quem vai dizer tchau?” do Nando.

A gente não percebe o amor que se perde aos poucos sem virar carinho. Guardar lá dentro amor não impede que ele empedre mesmo crendo-se infinito.”

         Para que guardar alguma coisa se não levamos nada mesmo, não é mesmo? Já guardei tanto, já fagocitei tanto. E para quê? Apenas para encher o meu próprio saco, então ele explodia para podermos começar o ciclo novamente. Não me arrependo, sinceramente. Todas as escolhas que eu fiz me trouxeram até aqui, onde eu estou hoje. Com você. Quem me garante que não teria sido diferente se eu tivesse feito diferente? E eu sou tão feliz, tão feliz com você, meu amor.
         Ninguém vive o dia como se fosse o último. Não adianta, sempre temos o trabalho para entregar na terça, a prova de amanhã, temos o futuro que planejamos juntos, o nosso possível futuro hipotético. Você não vai gostar de ler essa parte, eu sei. Você sabe que é verdade, embora seja uma verdade injusta. Só que a verdade injusta faz com que eu queira aproveitar mais e mais cada momento com você, talvez, por isso, seja tão doloroso ver você indo? Como posso saber se vai voltar? Nem tudo o que vai, volta. Tenta jogar para cima qualquer coisa com uma velocidade de uns 12 km/s para você ver!
         Portanto, vou viver só o que me interessa. A lógica do vento, o caos do pensamento, a paz na solidão, a órbita do tempo, a pausa do retrato, a voz da intuição, a curva do Universo, a fórmula do acaso, o alcance da promessa, o salto do desejo, o agora e o infinito, só o que me interessa.

2 comentários:

Causticidade Cotidiana disse...

Ah Marina, desculpe-me, me sinto um intruso ao comentar esse texto, que, acredito eu, tem um destinatário muito direto. É tipo quando tem dois caras do meu lado no ônibus conversando sobre futebol e metendo o pau no meu time, fico louco pra me intrometer, mas me seguro rs
A vida é frágil demais, a qualquer momento, podemos partir para aquela viagenzinha que não tem volta, mas parece ser tão difícil viver a nossa maneira, dizer tudo o que temos pra dizer. Acredito que nossa liberdade de expressão é presa (?) quando percebemos que, se dissermos tal coisa que pensamos, podemos nos prejudicar, não pensando no futuro, mas sim no presente, e na importância que aquela coisa x tem para nós. Por exemplo, podemos odiar nossos chefes no trabalho, mas se dissermos isso à ele, colocaremos nosso presente emprego, por água à baixo, e esse emprego tem grande importância para nós. Se aplica o mesmo quando queremos dizer que amamos uma amiga mais do que por amizade e, em troca, perdermos a tal amizade, que antes era certa.
Obviamente, sou totalmente a favor de falarmos tudo o que temos para falar à uma pessoa, no momento mais oportuno. Esperar a pessoa partir para depois pedir perdão não irá te canonizar. Bom, eu não me sentiria bem, muitíssimo pelo contrário...por isso, o clichê se faz necessário. Devemos aproveitar ao máximo cada instante da vida, afinal, nunca sabemos quando será a ultima vez.

Anônimo disse...

"Ninguém vive o dia como se fosse o último. Não adianta, sempre temos o trabalho para entregar na terça, a prova de amanhã..." Eu posso falar melhor disso, olha eu aqui, depois de quanto tempo eu fui parar para ler seus textos? Sempre fui deixando para depois, pois eu nunca tinha tempo. E isso é uma coisa que me fascina, eu amo ler seus textos, eu amo ler... Sinto-me mal por isso, sinto que não te dei o que você merece de mim, mas no fundo você sabe pelo que luto todos os dias... No fundo você sabe que a coisa mais bela do universo, na minha humilde opinião, é um sorriso teu... Como você me disse uma vez, eu amo tanto estar com você, tenho que assumir que principalmente pelo como você me faz sentir sobre eu mesmo. Eu me sinto fascinante, muito melhor do que eu jamais posso ser. Você faz com que eu me sinta como se fosse especial. Você tem fé em mim. Eu não aceito ser menos do que o melhor para você. Engraçado, eu escrevi um texto enorme, mas eu vou parecer um babacão se eu enviar isso por aqui, então eu recortei parte dele e vou te enviar por outro canto, mas acho que deva ser a parte mais sincera disso tudo, é simplesmente meu jeito de expressar as coisas ou de não conseguir expressá-las... Só queria dizer que eu amo você e obrigado, você é a coisa mais bela que o universo me mostrou.

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