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terça-feira, 16 de maio de 2017

Não traga sonhos a esta casa

Grande pequena suja, dos sonhos feitos de biscoito, tão doces e quebráveis. Estás a deixar migalhas por todos os lados, sujas o chão com estes sonhos despedaçados. Quem dera tu tivesses me ouvido antes, quando te falava sobre não carregar tais biscoitos ao peito, trazendo-os à casa. Deixa-os do lado de fora, aqui não podem estar. Aqui dentro somos eu e você, pequena, contra o mundo. Nesta casa estamos presas e nada de biscoitos. Se te privo é porque te amo. Espero que cresças forte e não precises mais de mim, pequena. Cheguei velha a este mundo e a decrepitude do mesmo só me fez mais velha, e forte. Não traga sonhos a esta casa, pequena, não os aceite ao te oferecerem na rua. Dirão que precisas de doçura, mas ninguém limpa-te as migalhas em casa, exceto eu. Não há doçura que mereça a sujeira que fazes, pequena, estás perdida e sem nada mais a carregar junto a este peito que ainda não sabe se manter. Deixa-os do lado de fora, aqui dentro apenas a velha a te proteger. Do mundo.

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