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segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Ex movere

Há um silêncio completo, exceto na minha mente, meus joelhos tremem e se chocam, tilintam, de maneira que sei que há barulho, imagino o som, mas não ouço realmente nada. Se eu segurar minha respiração, consigo perceber o som do meu coração batendo contra o meu corpo. No mais, não há outros sons, ou mesmo memória deles. Meus joelhos, falava sobre eles. Meus joelhos estão sendo forçados a seguir, estou entre essa multidão de pessoas, não há voltar ou olhar para os lados, não consigo ver o que há em frente, mas sigo sendo empurrada. Isso não é resiliência, que esteja claro. Resiliência é essa palavra da moda, que muitas pessoas adoram usar, e não, não é resiliência, talvez apatia. E sigo, porque não há mesmo o que se fazer, apenas seguir. Agora já não me incomodam os corpos que se chocam contra o meu, nem mesmo a sensação de que não há ar suficiente para todos, não estou preocupada com os joelhos que me falham, simplesmente não há como cair. Talvez deva me sentir agradecida pela multidão sufocante que me impulsiona à frente. Talvez devesse começar a me perguntar aonde todos estão indo, o que será que as pessoas lá na frente estão enxergando? Não consigo ver daqui. Sendo sincera, não consigo lembrar como vim parar aqui, quando dei por mim já estava aqui, com essa sensação de que o mundo inteiro é uma estufa e todas as sensações são abafadas. Ex movere. Aonde estão me levando?

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